segunda-feira, 31 de março de 2008

Continuando projetos de aprendizagem

Parece-me que trabalhar com projetos de aprendizagem exige repensar a estrutura curricular. Tornar a aprendizagem significativa implica mudar a ênfase de umensino quantitativo para um qualitativo, dando menos ênfase à quantidade de conteúdos e abordando-os de forma diferente. No lugar do esforço da “decoreba”, o esforço da reflexão. O professor que trabalha com projetos tem que se preocuparmenos com a transmissão de conteúdos e mais com a necessidade de propiciar ao alunodesenvolvimento de suas capacidades, entre as quais a de estudar com mais autonomia. o

Como planejar atividades educativas com esse fim? Entendo que não possível pensar na educação sem uma orientação, sem planejamento. Se há um propósito no ato de educar, temos de planejar e orientar. Portanto, mesmo trabalhando com projetos de aprendizagem que exploram a espontaneidade dos alunos, os projetos não devem ser meras atividades curiosas ou lúdicas sem propósito educativo, seja ele voltado para conteúdos, valores ou atitudes. O planejamento também não se restringe a uma previsão metódica e rígida das ações do educador e do educando – como no modelo “tecnicista”, termo usado para criticar a didática dos anos de 1970 – mas funciona como balizador das atividades ligadas às aprendizagens promovidas pelos projetos. A diferença dos projetos de aprendizagem é que eles se enriquecem com o seu próprio planejar constante, sem prescindir de ter uma direção. O planejamento acaba sendo revisado a partir do retorno das atividades, mas nunca se encerra em uma atividade sem rumo e desprovida de propósito. Perder o rumo das ações educacionais, esse parece ser o medo dos professores ao abrirem sua prática para a proposta dos projetos. Esse receio deve ser superado com a experiência e a reflexão constante na prática educativa.

Essa proposta é bastante desafiadora. Promover o desenvolvimento das capacidades dos alunos por meio de ações educativas e promovendo a compreensão significativa dos conteúdos. Esse ideal significa assumir uma postura pedagógica investigativa e inovadora. Não se coloca isso emprática em poucos dias, meses... talvez, anos. Acho que por isso a prof. Marie Jane pediu para sonharmos, termos a coragem de imaginar a educação de outra forma.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Projetos de aprendizagem

Na aula do dia 25 passado tivemos um debate sobre projetos de aprendizagem, proposta pedagógica exposta no livro “Aprendizes do Futuro: as inovações começaram!”, de autoria de Léa da Cruz Fagundes.

Compartilho plenamente da opinião de que ensinar com a preocupação de transmitir conhecimentos prontos e fechados não propicia a aprendizagem de conceitos, relações e, sobretudo, o desenvolvimento de habilidades e competências. É consenso que o modelo de ensino baseado na memorização de conteúdos rigidamente definidos pelo professor já teve tempo suficiente para mostrar o quanto deixa a desejar em termos de aprendizagem. No entanto, ainda tenho incertezas sobre como colocar em prática um projeto educacional oposto a essa concepção de educação, na forma como se apresenta a proposta dos projetos de aprendizagem. Tenho dúvidas não por discordar das premissas epistemológicas e pedagógicas dos projetos de aprendizagem - pelo contrário, desde que conheço um pouco sobre construtivismo, tenho me descoberto uma adepta-aprendiz dessa teoria da educação. Falta-me clareza sobre a forma de compatibilizar as exigências da estrutura educacional com as necessidades da educação por projetos de aprendizagem.

Algumas colegas apresentaram suas dificuldades quanto ao acompanhamento dos projetos de aprendizagem individuais em várias turmas numerosas, com quarenta alunos. Outras levantaram as dificuldades de integrar os professores da escola numa postura aberta ao trabalho com projetos. Sobre essas questões ainda não me sinto habilitada para emitir opinião devido à minha falta de experiência em sala de aula – dificuldade que deverá ser atenuada a partir do próximo mês, quando vou começo a lecionar. (Obs: Felizmente estou entrando em contato com essas reflexões antes de atuar como professora, pois muitos iniciam a prática docente sem terem tido a oportunidade de refletir sobre questões de aprendizagem e seguem reproduzindo um modelo de ensino engessado há décadas e enfrentando todas as dificuldades daí advindas. Reconhecer um problema é o primeiro passo para superá-lo).

Os projetos de aprendizagem propõem possibilitar ao aluno pensar e repensar o planejamento do seu aprendizado conforme suas necessidades e seus interesses. Pressupõe-se que o aluno tem interesse em aprender e que, se não for limitado por uma estrutura de ensino opressora, ele será um agente criativo da própria aprendizagem. Será assim mesmo? Eu não sei, eu realmente não sei. Como os alunos tornam-se interessados?

Bem, se não atuei como professora, por outro lado, sou aluna e sempre me considerei curiosa... mas, pensando bem, nem sempre mostrei isso na sala de aula. Lembro que fui mal na primeira prova de Física no antigo Segundo Grau, e então resolvi matar o “monstro” e fiquei vários dias, em casa, brincando com as fórmulas, virando-as do avesso, juntando, substituindo, resolvendo diferentes problemas, etc. Mas nunca falei isso para a professora. Porque iria falar? Não fazia parte da aula, talvez ela pensasse que eu estaria inventando para agradá-la. Mas foi proveitoso para mim, consegui construir uma compreensão aprofundada sobre os conceitos e as relações entre velocidade, aceleração, distância, tempo, etc. E o mais interessante: consegui me sentir desafiada e me dediquei bastante, alcançando uma aprendizagem significativa sobre um conteúdo do qual eu nem gostava muito. No entanto, devo admitir que experiências como essa foram raras na minha época de aluna de Ensino Básico. Por quê? Posso dizer que por causa da estrutura de ensino? Parece-me que sim.

Como conciliar, num projeto pedagógico, a necessidade de transmissão de conteúdos e a de promover a aprendizagem valorizando os interesses, as capacidades e o ritmo de cada um? Em outras palavras: como desencadear a espontaneidade curiosa de que todos somos capazes e, ao mesmo tempo, transmitir o conhecimento que a humanidade já criou?

Vale observar que não faz sentido abdicar da possibilidade de transmitir conhecimentos. Usando o exemplo do estudo da física: quando eu viajar, jamais precisarei inventar relações matemáticas para calcular velocidade média, tempo de deslocamento, tempo de ultrapassagem, etc, apenas precisei aplicar um conhecimento pré-existente que aprendi. Por outro lado, a simples memorização exigida nas aulas convencionais não fomentam a aprendizagem significativa. Léa Fagundes observou que os projetos de aprendizagem propõem superar a massificação do ensino, defende a educação voltada para o aluno de modo a “orientar e respeitar sua autonomia”. Pág. 17. Com o objetivo de permitir à criança desenvolver sua capacidade, nos termos da autora, de pensar, argumentar e discutir, pergunto-me: como o professor pode planejar sua prática docente de forma a assumir o papel do especialista que orienta e, ao mesmo tempo, do colega instigador da curiosidade? Como promover o desenvolvimento de projetos de aprendizagem pelos alunos sem desistir de transmitir às novas gerações os conhecimentos já construídos pela sociedade?

Resposta: não sei. Talvez com a prática e a reflexão contínua isso se torne mais claro, mas nesse momento essas questões ainda norteiam minhas incertezas.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Mapa conceitual

Uma das atividades iniciais desse semestre no Curso de Especialização em Tutoria foi aprender a fazer um mapa conceitual utilizando o programa Cmap Tools. Mapas conceituais são uma ferramenta ótima para selecionar, organizar e hierarquizar conceitos. O Cmap Tools é um programa que facilita a visualização do mapa, além de permitir reelaborar as relações conceituais e fazer anotações definindo cada conceito. Outra possibilidade do mapa é colocar dentro de um mapa maior um outro pequeno que só é exibido quando selecionado, ou seja, é possível hierarquizar vários níveis de elaboração conceitual. Ainda tenho que descobrir muitas coisas. A utilidade principal dessa ferramenta para trabalhos em grupo está na facilidade para trocar idéias e mesmo construir um mapa de modo coletivo a distância, pois ele registra o autor a partir do computador em que as alterações foram feitas e é de fácil e rápida visualização e alteração. Abaixo, o resultado do meu primeiro exercício: um mapa elaborado a partir do texto FAGUNDES, Léa et al. Projeto? O que é? Como se faz. In: Aprendizes do futuro: as inovações começaram. p.15-26.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Reinício das aulas: tutoria e comunicação

Como é bom começar o ano e as aulas com boas notícias e com bastantes coisas interessantes para fazer. Recebi há poucos dias a notícia de que atuarei como tutora neste semestre no Pólo de Três Cachoeiras nas disciplinas de Ciências e Estudos Sociais, o que me deixa contente porque vai facilitar o desenvolvimento das atividades da Especialização e pela experiência prática com Ensino a Distância. A primeira aula, ocorrida esta semana, foi um momento de reencontro e diálogo regado a saudades e vontade de recomeçar após as férias. Foi tratado do planejamento das tarefas pelos tutores e professores e da organização do encontro presencial no Pólo. Confirmou-se o que eu vinha percebendo desde o início da Especialização: tanto a tutoria quanto a docência em EAD parecem exigir mais dos profissionais do que o ensino presencial e, por isso, minhas expectativas são de que será necessário dedicar bastante tempo.

É interessante observar que a valiosa aprendizagem em EAD que me está sendo propiciada pelo curso – e, a partir de agora, também pela atuação na tutoria – não se resume ao conhecimento didático e tecnológico desse método de ensino, mas compreende também o aprimoramento da comunicação interpessoal na educação. Quase me arrisco a dizer que esse é o ponto mais forte das aprendizagens da tutoria em EAD, porque quase toda a comunicação se faz a distância e necessariamente deve ser objetiva, clara e suficientemente comunicativa para permitir elucidar todas as dúvidas usando e-mail, fórum, chat, telefone e o que mais for necessário. Essa comunicação precisa ser ágil, objetiva e eficaz com todas as pessoas, incluindo alunos, tutores, professores e coordenadores. Essa exigência no aspecto da comunicação está longe de ser um problema. Como os próprios professores observaram, a formação de professores é voltada para uma forma de trabalho bastante isolada na sala de aula – e eu complementaria que nossa formação não nos desautoriza a ter pretensões de auto-suficiência. Por isso, as necessidades de comunicação intensa e continuada transformam o EAD em ferramenta de ensino não para alunos, mas também professores, tutores e toda a equipe. Reflexão semelhante está presente em postagens anteriores quando tratei da interdisciplinaridade, mas a comunicação de que falo agora não se restringe às trocas disciplinares e abrange a comunicação nos seus aspectos humano, amistoso, respeitoso e incentivador. A comunicação com acuidade é especialmente importante em EAD porque, fazendo um trocadilho, não é possível estar na faculdade “de corpo presente”.


Se há profundas diferenças nas preocupações didáticas dos professores e tutores, que dizer do impacto que a EAD representa para as alunas do curso. Segundo os tutores que atuam há mais tempo, algumas corajosas alunas do PEAD iniciaram o curso de Pedagogia sem dominar muito bem o uso do computador, mas superaram a sensação incômoda de estranheza e aprenderam a elaborar e enviar trabalhos de graduação, comunicar-se e tirar dúvidas com a faculdade utilizando o computador e a Internet. conversei com pessoas de mais idade que ficaram muito felizes ao saber que a tecnologia de EAD permite que, hoje, mesmo quem mora em cidades pequenas ou regiões afastadas e não tem como ir até a faculdade mais próxima todos os dias, pode fazer uma faculdade com a mesma qualidade que faz quem mora ao lado de um centro universitário. Aproveito para deixar os parabéns à querida amiga Maria José pela merecida conquista: o ingresso no mestrado com um projeto que vai além da análise da simples acessibilidade ao EAD, mas que também avalia as condições de continuidade no curso superior. Ela vai estudar as novas vivência e percepções do tempo pelas alunas do PEAD, que geralmente se dividem entre o trabalho, a família, os filhos e, há três semestres, também o estudo. A partir do EAD, elas elaboram uma reorganização do aproveitamento do tempo importante para dar conta de todas as atividades do dia-a-dia, assim como alcançam uma re-significação dos váriostemposque precisam administrar. Tenho certeza de que essa dissertação será importante para auxiliar os educadores a perceberem cada vez melhor as necessidades das alunas dos cursos EAD e atenderem de forma mais sensível às suas necessidades.