Na graduação aprendemos o processo de ensino-aprendizagem por meio da transmissão de conhecimento. Em geral, no final do curso temos contato com a pesquisa. A pós-graduação é o momento de aprimorar a capacidade de investigação com autonomia. Não se trata de prescindir, na pós-graduação, da aquisição de conhecimentos já desenvolvidos pelo ser humano; o que está em questão é a forma como isso deve ser feito.
A importância da transmissão de conhecimento está provada pela História, na qual se forjaram diferentes e elaboradas culturas atestando a capacidade humana de criar, aprender e transmitir conhecimentos às novas gerações. Talvez, por existir tanto conhecimento produzido, por vezes possa parecer mais simples estabelecer uma dinâmica de aula baseada na simples transmissão de conhecimento. Contudo, as necessidades de um mundo em constante transformação passam a exigir que até mesmo a transmissão de conhecimento não ocorra de forma engessada. Tornou-se uma necessidade contemporânea incentivar as releituras, as interpretações e criações intelectuais diferenciadas e inovadoras.
A forma tradicional de educar era uma transmissão de conhecimento escolástica, aos moldes de uma sociedade estática e rigidamente hierarquizada, mais próxima do mundo medieval do que do moderno. A educação atual precisa preparar os indivíduos para um mundo urbano, industrializado, no qual todos os tipos de trocas – da comunicação lingüística simples às movimentações financeiras – ocorrem o tempo todo através das tecnologias da informação. Neste mundo contemporâneo, a aprendizagem de novas tecnologias é apenas um passo para novamente aprender a lidar com o que virá depois que estas ficarem obsoletas. Por isso a educação contemporânea exige autonomia, criatividade, criticidade, autenticidade e capacidade de diálogo. Nesse sentido se valoriza a busca individual por conhecimento, o diálogo, a troca de informações, de opiniões, enfim, se deseja um indivíduo capaz de atuar como um agente histórico no mundo contemporâneo.
Essas mudanças sócio-educacionais são profundas, e provavelmente ninguém esteja plenamente preparado para elas. O processo de adaptação é lento e exige boa vontade e persistência – afinal, o método educacional de transmissão de conhecimento puro é mais simples e dá uma falsa sensação de segurança aos aprendizes e professores. Digo falsa, porque a sociedade e o mercado têm novas exigências para as quais esse método não prepara. Se um aluno opõe resistência a procurar vivenciar seu processo de aprendizagem de forma autônoma, criativa, autêntica e comunicativa, como poderá se adaptar em uma atividade profissional que exija independência, criatividade, diálogo? Felizmente, até as linhas de montagem de nossas fábricas não são mais estáticas, e a universidade também não pode se acomodar.
sábado, 3 de novembro de 2007
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